Você sabe a diferença entre o borracheiro e a borracharia?
Podemos ir ao borracheiro? Ao médico? E ao dentista?
Se você nunca pensou no assunto, leia o texto a seguir.
Metonímia é uma palavra de origem grega, formada por “meta” (=
mudança) + “onímia” (= nome). Ao pé da letra, metonímia é o uso de um
nome por outro.
Metonímia é uma figura de retórica que consiste no emprego de uma
palavra fora do seu sentido básico (do seu contexto semântico normal),
por efeito de contigüidade, de associação de idéias.
É diferente da metáfora, que consiste no emprego de uma palavra fora
do seu sentido básico por efeito de uma semelhança. No caso da metáfora,
trata-se de uma relação comparativa; no caso da metonímia, é uma
relação objetiva, de base contextual.
Vejamos alguns exemplos de metonímia:
a) relação metonímica de tipo qualitativo:
1. matéria por objeto: “O
ouro (=dinheiro) só lhe trouxe
infelicidade”; “Os
bronzes (=sinos) repicavam no alto do campanário”;
2. autor por obra: “Seu maior sonho era comprar um
Picasso”
(=quadro de Picasso); “Adorava ler
Jorge Amado” (=livros de Jorge Amado);
3. proprietário pela propriedade: “Ontem fomos ao
Álvaro”
(=bar do Álvaro);
4. continente por conteúdo: “Adora macarrão, por isso comeu
três pratos” (=o macarrão de três pratos);
5. conseqüência pela causa (também chamada Metalepse):
“Ele não respeitou seus
cabelos brancos” (= velhice); “Venceu graças ao
suor (= trabalho, esforço) do seu rosto”;
6. cor pelo objeto: “
O vermelho (= sangue) lhe corria pelas
veias”; “As andorinhas voavam pelo
azul (= céu) do Rio de Janeiro”;
7. instrumento pelo agente: “Ayrton Senna foi um grande
volante” (= piloto de carros de corrida);
8. abstrato pelo concreto: “O
crime (= criminosos) habita
aquela casa”; “Esperava pelo voto das
lideranças” (= líderes);
b) relação metonímica do tipo quantitativo (também chamada de
Sinédoque):
1. parte pelo todo: “As
asas (= pássaros) cortavam os céus de
Copacabana”; “Precisa de mais
braços (= trabalhadores) para desenvolver a sua lavoura”;
2. singular pelo plural: “O
inimigo (= inimigos) estava em toda
parte”; “Precisamos pensar mais no
idoso” (= pessoas idosas);
3. gênero pela espécie (ou vice-versa): “Seu maior sonho era
pertencer à
sociedade (= alta sociedade) paulistana”; “O
homem (= humanidade) deve respeitar mais a natureza”.
Leitor quer saber se “ir ao borracheiro” não está errado, pois verdadeiramente “vamos à borracharia”.
Não é uma questão de certo ou errado. Borracharia é o estabelecimento
onde se vendem ou se consertam pneumáticos e câmaras de ar. Borracheiro
é quem trabalha numa borracharia, mas também pode ser usado como
sinônimo de borracharia.
Trata-se de uma relação metonímica perfeitamente aceitável e registrada em nossos principais dicionários.
É um caso semelhante ao de “ir ao dentista” (= clínica dentária) e “ir ao médico” (= consultório médico).
Metonímia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Metonímia ou
transnominação é uma figura de linguagem
que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de
semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. Por exemplo, "Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser localizado lá o gabinete presidencial.
A metonímia é geralmente utilizada para a não repetição de palavras
em textos. Como em entrevistas nas quais o entrevistado (ex.: Jorge
Amado) pode tanto ser chamado pelo primeiro nome, pelo sobrenome ou pelo
nome completo (ex.: Jorge declarou, Amado declarou, ou Jorge Amado
declarou).
Sinédoque
A sinédoque é um tipo de metonímia que consiste na atribuição da parte pelo todo (
pars pro toto), ou do todo pela parte (
totum pro parte).
Figura de linguagem, para muitos autores indistinta da figura da
metonímia, ou considerada como um tipo de metonímia na qual se exprime
uma parte por um todo ou um todo por uma parte (Moscou caiu às mãos dos
alemães), o singular pelo plural (quando o Gama chegou à Índia), o autor
pela obra (estou a estudar Pessoa), a capital pelo governo do país
("Washington decidiu enviar tropas para o Iraque"), uma peça de
vestuário pela pessoa que o usa (um vestido negro surgiu pela porta),
etc. Na verdade trata-se da inclusão ou contiguidade semântica existente
entre dois nomes e que permite a substituição de um pelo outro. Na
literatura, abundam sinédoques com fins estéticos de provocar o
inusitado nas expressões escolhidas:
"Ficou sem teto" – o teto representa a casa inteira.